Companhia de Jesus

25/06/2010 02:23

 

INTRODUÇÃO

            O espírito da Contra-Reforma católica é caracterizado por uma defesa tão intransigente de prerrogativa da Igreja Católica sobre a educação, que acaba envolvendo na condenação tanto as iniciativas alheias à extensão da instrução às classes populares como toda inovação cultural.

            A orientação educativa da Igreja Católica, como resposta ao protestantismo, foi fixada no Concílio de Trento. O concílio insistiu muito sobre os livros e sobre a escola.

            O concílio condenou, com dez “regras”, várias espécies de livros, especialmente os livros sagrados, listando-os minuciosamente. Quanto às escolas, o Concílio de Trento providenciou a reorganização das escolas católicas, evocando explicitamente as antigas tradições.

            Além disso, o concilio instituiu os seminários, destinados a educar religiosamente e a instruir nas disciplinas eclesiásticas as novas levas de sacerdotes. O exemplo mais bem-sucedido de novas escolas para leigos, recomendado pelo Concílio de Trento, foi o das escolas dos jesuítas.

1. O SENTIDO DA COLONIZAÇÃO

            O que Portugal queria da colônia brasileira era o fornecimento da matéria-prima. Com a independência do Brasil o objetivo não mudou, apenas Portugal foi expulso de cena. Mas, na divisão internacional do trabalho, determinada pelo capitalismo ao Brasil, como outros países explorados continuou reservado o papel de exportador de matérias-primas (café, borracha, minérios, soja, etc.).

2. A PARTICIPAÇÃO DOS JESUÍTAS 

            A Companhia de Jesus foi fundada por Inácio de Loyola, em 1534, dentro do movimento de reação da Igreja Católica contra a Reforma protestante. Seu principal objetivo era deter o avanço protestante em duas frentes:

  • Através da educação de novas gerações;
  • Por meio da ação missionária, procurando converter à fé católica os povos das regiões que estavam sendo colonizadas.

            O primeiro grupo de jesuítas chegou ao Brasil em 1549. Chefiados pelo Padre Manuel da Nóbrega, os jesuítas que aqui iniciaram suas atividades procuravam alcançar seu objetivo missionário, ao mesmo tempo em que se integravam à política colonizadora do rei de Portugal.

            No Brasil, os jesuítas dedicaram-se a duas tarefas principais: a pregação da fé católica e o trabalho educativo. Com seu trabalho missionário, procurando salvar as almas, abriam caminho à penetração dos colonizadores; com seu trabalho educativo, ao mesmo tempo em que se ensinavam as primeiras letras e a Gramática latina, ensinavam a doutrina católica e os costumes europeus.

3. AS ESCOLAS DE PRIMEIRAS LETRAS

            Os jesuítas logo compreenderam que não seria possível converter os índios à fé católica sem, ensinar-lhes a leitura e a escrita. Por isso, ao lado da catequese, organizavam nas aldeias escolas de ler e escrever, nas quais também se transmitiam o idioma e os costumes de Portugal.

            No ensino das primeiras letras, os jesuítas mostraram grande capacidade de adaptação. Em todos os ambientes procuravam orientar na fé jovens e adultos e ensinar as primeiras letras às crianças, adaptando-se às condições específicas de cada grupo.

            Os jesuítas responsabilizaram-se pela educação dos filhos dos senhores de engenho, dos colonos, dos índios e dos escravos. A todos procuravam transformar em filhos da Companhia de Jesus e da Igreja, exercendo grande influência em todas as camadas da população.

4. O ENSINO SECUNDÁRIO E SUPERIOR

            Segundo a Ratio studiorum – plano completo dos estudos mantidos pela Companhia de Jesus –, além das aulas elementares de ler e escrever, eram oferecidos três cursos: o curso de Letras e o de Filosofia e Ciências, considerados de nível secundário, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior e destinadas principalmente à formação de sacerdotes.

            O curso de Letras Humanas abrangia estudos de Gramática latina, Humanidades e Retórica. Terminada a Gramática, os alunos passavam para a classe de Humanidades, que abrangia o estudo de História, Poesia e Retórica. Os estudos de Gramática, Humanidades e Retórica tinham duração global variável, perfazendo, geralmente, cinco ou seis anos.

            Depois do curso de Letras Humanas, os estudantes freqüentavam as classes de Filosofia. Esta compreendia estudos de Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Sua duração global chegava a três anos. Dessa forma, pode-se afirmar que os cursos de grau médio, Letras Humanas e Filosofia tinham uma duração global aproximada de nove anos.

5. A EXPULSÃO DOS JESUÍTAS

            Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês Pombal, foi o primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777. Em seu governo tomou várias medidas com vistas a centralizar a administração da colônia.

            Em sua administração, entrou em conflito com os jesuítas atribuindo-lhes intenções de opor-se ao controle do governo português. Do conflito chegou-se ao rompimento: por Alvará de 28 de junho de 1759, o Marquês de pombal suprimiu as escolas jesuíticas de Portugal e de todos os seus domínios. Em seu lugar foram criadas as aulas régias de Latim, Grego e Retórica, que nem de longe chegaram a substituir o eficiente sistema de ensino organizado pela Companhia de Jesus.

            O objetivo das reformas pombalinas foi substituir a escola que servia aos interesses da fé pela escola útil aos fins do Estado.

            Concluindo, o ensino brasileiro, ao iniciar-se o século XIX, estava reduzido a pouco mais que nada, em parte como conseqüência do desmantelamento do sistema jesuítico, sem que nada de similar fosse organizado em seu lugar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            A expansão das doutrinas protestantes pela Europa gerou uma reação da Igreja, que buscou reverter o quadro, num movimento que ficou conhecido como Contra-Reforma. Uma iniciativa pioneira foi a fundação, em 1534, da Companhia de Jesus, ordem religiosa criada pelo ex-soldado espanhol da região basca Ignácio de Loyola.

            Em 1542, o papa Paulo III convocou o Concílio de Trento, com o objetivo de discutir assuntos religiosos, inclusive com teólogos protestantes. Pouco antes do Concílio de Trento, o papa restabeleceu a Inquisição, agora sob a forma do tribunal do Santo Ofício.

            Foi criado ainda o Index, lista de livros proibidos pela Igreja católica. A Contra-Reforma não destruiu o protestantismo, mas limitou sua expansão. Seu sucesso mais duradouro encontra-se na América, onde as iniciativas catequéticas dos jesuítas, nos séculos XVI e XVII, deram frutos, sendo hoje a América Latina o local de maior concentração de católicos no mundo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

MANACORDA, Mario Alighiero. História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias. 12ª ed. São Paulo: Cortez, 2006.

PILETTI, Nelson; PILETTI, Claudino. História da Educação. 7ª ed. São Paulo: Ática, 2006.

VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para o ensino médio: história geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2005.